sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Comemorar o quê?



        Hoje é meu aniversário. Estou completando 28 anos de idade, e sinto-me estranhamente contente, mesmo ao contemplar no espelho com assombro a multiplicação virótica de cabelos brancos se alastrando no topo da minha cabeça. A “semana de aniversário” – tradição advinda da família da minha esposa – foi especial. Débora fez tudo que estava ao seu alcance para agraciar meus dias com supresas, pequenos presentes, cafés-da-manhã, jazz ao vivo em um restaurante no centro de Jackson, tudo perfeito (leia-se: a situação complicou para mim quando o aniversário dela se aproximar…). No Facebook e por mensagens de celular, diversos amigos e familiares tem expressado afeto e carinho através de manifestações calorosas, algumas até piadísticas, trazendo agradáveis recordações de momentos singelos que congelaram no tempo, mais precisamente quando saímos do Brasil há quase três anos. Mas como todo aniversário deveria ser, é um dia de interessantes reflexões.
  Sempre que o aniversário de alguém se aproxima meu irmão propõe uma teoria que soa muito engraçada (vindo dele será sempre engraçada), mas que é, de fato, imbuída de verdade. Ele diz que quando uma pessoa completa aniversário a mesma não deveria receber parabéns. Afinal de contas, ele argumenta, o que fez ela para merecer tal congratulação? Nasceu? Certamente não foi ela que escolheu tal evento. O que fez ela para viver todos esses anos? Por acaso é a própria pessoa que controla a respiração, ou os batimentos cardíacos, ou a dinâmica da atividade cerebral? Certamente que não. Então por que continuamos a parabenizar o indivíduo que nada faz a não ser aguardar o dia seguinte, que não tem controle sobre seu destino para determinar seu curso, para finalizar o próximo ciclo de 365 dias? 
Por mais irônica (e um tanto quanto sarcástica) que essa observação possa nos parecer, ela aponta para uma realidade que é externa, superior a cada um de nós. Ela aponta para Aquele que escolheu nos dar e sustentar a vida, que fez o homem da terra e lhe assoprou nas narinas o fôlego de vida, que o formou segundo a sua imagem e semelhança. Aponta para o Criador do Universo, digno de toda honra, glória e poder, que se assenta sobre o trono e governa com sabedoria e domínio infinitos. Então quando fazemos aniversário, de fato, é Deus quem deveria receber os parabéns. Quando o homem optou pela rebelião que consequentemente o levaria à morte, Deus optou pela redenção que o levaria à vida. Se não fosse pelo messias, o Filho de Deus enviado para entregar sua vida por muitos, eu seria incapaz de celebrar esse dia com a plenitude de alegria e significado que lhe é cabido. Sou o que sou por causa de Cristo, pois ele vive e mantém a vida que há em mim. 
  Concluo que meu aniversário não me pertence. Não como atributo meritório, não como fruto do labor das minhas mãos. Como oferta, portanto, consagro a Ele esse dia, pois na sua imensa graça e misericórdia me deu a vida, me alcançou quando perdido andava, me cercou com seu amor inescapável e me catapultou para o círculo de relacionamento da Nova Aliança que Ele, por exclusiva iniciativa divina, estabeleceu com homens e mulheres ao longo da história. É na certeza de que, como um presente imerecido recebo este aniversário das mãos de Deus, que faço desse dia um altar de adoração na presença do Todo-Poderoso. “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse seja glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.” (Efésios 3:20–21)